Ela podia até mesmo dizer que havia um desdém em seu rosto quando ele estendeu-lhe a chave que pedira.
Geralmente havia um sorriso acolhedor em sua boca.
Ficou desconsertada como se sentisse uma culpa que não era dela.
Dando as costas para aquele olhar gelado e antes de conseguir chegar ao portão, ele questionou em voz alta: “... ele vai apenas descarregar...?”
Então virou-se e procurou ser o mais natural e monossilábica possível dando um curto “sim”.
Ela não lidava bem com alterações de humor de terceiros, mesmo porque tinha certeza não ser ela a razão dessa ‘gangorra’ de hormônios.
Enquanto se dirigia ao seu destino foi pensando naquele ocorrido e o quanto lhe aborreceu.
“O que fiz eu?” pensou.
Talvez ele tivesse imaginado que o motorista fosse seu affair.
Ledo engado.
Ahh, se ele soubesse o quanto ele próprio a agradava. Mas os tempos eram outros e ela sabia muito bem se pôr no seu lugar.
Afinal não estava à altura e o tempo estava contra ela.
Talvez sempre estivesse.