04 dezembro, 2009

Ela se aproximava de cada quadro que mais lhe chamasse a atenção.
Fosse pela combinação de cores ou pela beleza das pinceladas.
Ele vinha logo atrás e a acompanhava em passos mais lentos.
Parecia absorto como se estivesse bem longe dali
Eram tão jovens...
Ela percorria as alas da exposição com a gana de quem não queria perder nenhum detalhe.
Parou em frente a uma pintura curiosa a qual não conseguia decifrar
Um vidro protegia a obra.
Enquanto ela lhe narrava sua impressão entusiasta fazia observações para as quais esperava um comentário qualquer em forma de brincadeira como era de costume.
Porém, ele estava monossilábico. Nada mais dizia além de “sim” ou “pois é...”
Para sua surpresa, enquanto ainda observava o quadro, percebeu pelo reflexo do vidro que ele se aproximava com um semblante indecifrável.
Estava mais perto dela do que jamais estivera em tantos anos de amizade.
Próximo o suficiente para que ela o visse erguendo a mão...pegar uma mecha de seu cabelo e logo em seguida cheirá-lo como se fosse uma flor.
Tudo teria durado dez segundo, mas para ela foi como o efeito de um vinil arranhado que girava e girava e aquela imagem se repetia muitas vezes.
Não teve qualquer reação.
Nem deixou transparecer que tinha notado qualquer coisa.
Sem se virar para encará-lo apenas pediu para irem embora
Desceram a rampa que os levaria diretamente para a rua e caminharam em silêncio pela calçada.
Muitos anos se passaram e cada um percorreu caminhos diferentes em suas vidas.
Em momentos de nostalgia ela se pergunta o que teria acontecido se tivesse se voltado e correspondido àquele ímpeto?
Ela nunca soube
Ela não se deu aquela chance...

Pensamento do dia...